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MULHERES NO TOPO

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Conversamos com a executiva Geovana Donella, que explica por que a presença feminina na alta administração das empresas é importante e como é possível conciliar carreira e vida pessoal – DOMINGOS CRESCENTE

Acompanhar o raciocínio rápido e assertivo de Geovana Donella em uma conversa telefônica não é tarefa simples. CEO da Donella & Partners, Geovana, com simpatia, atenção e muita praticidade – características que certamente desenvolveu ao longo dos seus 29 anos de vida profissional em grandes corporações –, não deixa pergunta sem resposta. A seguir ela fala à Revista Nova Família sobre a presença das mulheres na alta administração de grandes empresas, além de mostrar o quanto as corporações podem ganhar com mulheres no poder.

QUEM É GEOVANA DONELLA?

CEO da Donella & Partners, Geovana também é conselheira de administração e consultora especializada em Governança Corporativa e Gestão de Empresas. Como executiva, atuou ao longo de 29 anos em cargos de alta direção de companhias nacionais e multinacionais, como Superintendente da Alcoa Alumínio, Chief Operation Officer (COO) do Grupo Multi Holding e Presidente do CEL-LEP. Atualmente, é Conselheira do Grupo Suhai, Membro do Board da Enactus-Brasil/ INSPER-SP, Conselheira do Instituto Gerando Falcões e Senior Advisor da C&O Infinitas. É também mentora da Liga Empreendedores Insper, membro do Lide Mulher e Lide Futuro.

NOVA FAMÍLIA – Como a presença das mulheres na alta administração impacta os negócios das empresas?

GEOVANA DONELLA – As empresas podem se beneficiar da presença das mulheres na alta administração e nos conselhos de administração. Há estudos que indicam que companhias com maior porcentagem de mulheres nos conselhos de administração têm retorno até 66% maior e vendas 42% mais volumosas. Outro estudo – da Universidade de Leeds, no Reino Unido – mostra que ter pelo menos uma mulher na diretoria já reduz os riscos de fracasso dos negócios em 20%. Isso se deve ao fato de que, com a presença feminina, a empresa deixa de ter unicamente a visão masculina no direcionamento da empresa. A percepção da mulher completa a do homem, contribuindo com um olhar mais sensível e extremamente minucioso. Por isso, a maior parte das mulheres em cargos importantes está nas áreas de Recursos Humanos e nas diretorias financeiras, dois departamentos em que a sensibilidade e os detalhes são muitos importantes.

NOVA FAMÍLIA – Mesmo em uma época em que temos uma mulher na Presidência da República e outras em cargos importantes em ministérios ou empresas de controle estatal, a presença de mulheres em altos cargos executivos ou em conselhos de administração é relativamente pequena. Qual é atualmente a porcentagem de mulheres no alto escalão de grandes empresas no Brasil?

GEOVANA DONELLA – Hoje, 40% das vagas de gerência nas empresas são ocupadas por mulheres, mas quando olhamos um degrau acima, nas vagas de diretoria, as mulheres passam a responder por apenas 9% do total de vagas. É uma diferença muito grande. Quando passamos para os conselhos de administração, então, a porcentagem de presença feminina é ainda menor: cai para 7%. E aí, se excluirmos desse número as mulheres herdeiras, acionistas ou que tenham qualquer vínculo com acionistas, essa porcentagem cai para dramáticos 3%. NOVA FAMÍLIA – Ao que a senhora atribui o fato de termos um número relativamente pequeno de mulheres em altos cargos no Brasil?

GEOVANA DONELLA – É preciso haver um processo de adequação das empresas no que se refere à presença feminina. É necessário que as corporações estejam preparadas para oferecer as condições que as mulheres necessitam para desenvolver o seu trabalho e darem a sua contribuição.

NOVA FAMÍLIA – Encontra-se parado no Senado um projeto de lei, de autoria da senadora Maria do Carmo Alves (DEMSE), estabelecendo cotas para que 40% das vagas nos conselhos sejam ocupadas por mulheres de forma progressiva até 2022. A senhora concorda com essa medida?

GEOVANA DONELLA – Não sou favorável à cota, não neste caso e nem neste momento. Porque, se você olhar a estrutura das empresas, vai notar que é preciso aumentar a presença feminina na base, ou seja: na alta administração, nas diretorias das corporações. As mulheres precisam estar preparadas para chegar aos conselhos de administração e isso se obtém no trabalho como diretoras. Chegar ao conselho sem estar preparada pode ser negativo para a imagem. Há muitos países europeus que adotaram a ideia das cotas para mulheres nos conselhos de administração. Mas eles já fizeram a lição de casa. Em 2004, tinham 17% de mulheres na alta administração. Em 2009, 20%, e em 2004, 24%. Essas mulheres estavam preparadas para atuarem nos conselhos.

NOVA FAMÍLIA – São números bem superiores aos do Brasil.

GEOVANA DONELLA – Sim. Essa experiência na alta administração é que capacita a mulher – e o homem também, claro – a exercer suas funções nos conselhos de administração. Com maior preparação no nível das diretorias, elas, por suas qualidades, deverão ascender aos conselhos. Quer um exemplo? No Canadá não existe uma cota para mulheres nos conselhos de administração, mas apenas uma recomendação, feita em 2006, para que a composição dos conselhos fosse de 50% para homens e 50% para mulheres. Como todos estavam preparados em pouco tempo, cinco anos depois, a meta foi alcançada mesmo sem ser uma obrigação.

NOVA FAMÍLIA – Como a senhora concilia a sua vida profissional, que é intensa, com a familiar? Há uma fórmula para ser feliz e bem-sucedida nesses dois aspectos?

GEOVANA DONELLA – Eu tenho uma filosofia de vida: não separo a vida profissional da vida familiar. Para mim, é tudo junto durante toda a semana, mas o domingo eu reservo à família. De segunda a sexta, deixo sempre espaço na agenda para compromissos familiares, que considero tão importantes quanto os profissionais. É preciso ter flexibilidade. É preciso não sacrificar o convívio familiar.

NOVA FAMÍLIA – É mais difícil para uma mulher conciliar vida profissional e vida familiar?

GEOVANA DONELLA – Sim, claro. É mais difícil quando se é mulher. Eu não sou casada e não tenho filhos. E isso já ajuda muito (risos). Mas, de uma forma geral, quanto maior é o cargo ocupado por uma mulher, mais cuidado e disciplina ela precisa ter para manter o convívio familiar, já que as responsabilidades são maiores e o trabalho, muitas vezes, se estende além do horário, além de viagens etc.

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