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Diversidade e inclusão

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Foto: GazetaViews

Por Lilian Schiavo

A inclusão acontece quando se aprende com as diferenças e não com as igualdades.

Paulo Freire

A palavra diversidade no dicionário significa a qualidade daquilo que é diverso, diferente, variado… diz respeito a multiplicidade. Então, quando falamos sobre diversidade, estamos falando de nós mesmos, afinal, somos completamente diferentes um do outro. 

Sou um exemplo de diversidade. Ao olharem para mim visualizam uma senhora idosa de 63 anos que apesar dos traços orientais se tornou uma cidadã europeia.

A diversidade engloba inúmeros aspectos, sociais, culturais, religiosos, étnicos e etários. E é exatamente nesta riqueza de diferenças que enriquecemos. 

Inclusão é definida como nossa capacidade de entender e conviver, sem preconceito ou discriminação, mas com respeito e compaixão. Numa das organizações que participo, temos um Comitê de Inclusão e Diversidade coordenado por uma senhora que perdeu a visão aos 50 anos e por causa dela nosso grupo aprendeu a enviar áudios e explicar vídeos.

Ela fundou uma associação para pessoas com qualquer tipo de deficiência e incentiva  as mulheres a se tornarem empreendedoras para adquirir a tão almejada independência financeira. Neste grupo, as mães de portadores de pessoas com deficiência também são estimuladas a aprender um ofício que possa gerar renda, uma vez que  muitas delas tiveram que abandonar suas atividades profissionais para cuidar dos filhos.

Esta semana participei de um evento  homenageando o #DiaInternacionaldaMulher com o tema Inclusão e Diversidade e a primeira coisa que observei foi a presença de cadeirantes, mulheres de várias etnias, de diversas culturas, de todos os gêneros, de todas as formas e idades. As jovens ativistas unidas com as mulheres maduras de cabelos grisalhos, todas juntas discutindo as diferenças e as políticas adotadas por empresas que praticam boas ações e ganham lucros com a diversidade.

foto: GazetaViews

Se você tem uma empresa e não percebeu a necessidade da representatividade, certamente está perdendo dinheiro

Uma  gigante dos cosméticos percebeu que 27{cd1bea5bacaf18d63f2613834c965ffdc12ff81d639635183f79bec16d092a66} da população feminina é composta por mulheres pretas, com várias nuances, da morena clara à preta retinta, que suas peles não aceitavam as bases e corretivos existentes no mercado, então criou uma linha específica para este público.  Alguma dúvida do sucesso alcançado e da percepção do consumidor em relação à empresa?

Outra empresa, com vasta experiência em inclusão, explicou que o caminho é longo, que pode levar tempo, mas é importante não perder o foco. Neste caso, um funcionário extremamente capacitado procurou o RH para pedir demissão, explicou que passaria por um processo pois se identificava como uma pessoa trans. A gerente não só recusou o pedido de demissão como encontrou soluções práticas que auxiliassem o funcionário durante e após o processo de mudança de gênero.

Importante enfatizar que a questão não é sobre como você pensa ou se está de acordo, a questão é sobre a liberdade de escolha de cada indivíduo e o seu direito de ser respeitado. É sobre aceitar que uma mulher decida não ter filhos, que  prefira os cabelos brancos sem tintura, é não se curvar aos padrões estéticos, ter coragem para sair do armário, usar biquíni aos 70 anos, se apaixonar por alguém 20 anos mais novo, é sobre viver a vida como quiser.

Estamos falando de pensar fora da caixa, de permitir que o outro seja feliz sendo diferente, sendo ele mesmo

Sou arquiteta por formação e costumo observar se um edifício tem rampas de acesso para cadeirantes, piso tátil para deficientes visuais, braile no elevador, se o banheiro pode ser usado por uma pessoa com deficiência. Como cidadã observo se os funcionários sabem lidar com as pessoas sem discriminar, sem fazer comentários maldosos, sem julgar pelas aparências.

Inclusão e diversidade são assuntos muito debatidos mas infelizmente ainda pouco praticados. Precisamos sair do discurso bonito e partir para ações, percebendo o entorno e mudando nossa forma de interagir com o mundo. Dizer que não basta convidar para a festa, tem que tirar para dançar!

Vale lembrar que mais da metade da população é composta por mulheres que lutam para quebrar tetos de vidros, superar pisos escorregadios e combater a síndrome da impostora. Tudo o que queremos é ocupar os lugares que escolhermos, é ser o que quisermos e ter nossas vozes escutadas com atenção.

Foto: Arquivo Pessoal

Lilian Schiavo é Presidenta Nacional da OBME.

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